domingo, 2 de dezembro de 2007

A casa do Pedro

As pessoas vão, mas sempre deixam coisas. Essa é a casa do Pedro Veludo, onde morei quando mudei para Santa Teresa. Em 1985 vim de Angra dos Reis, onde implantara o departamento de jornalismo na Rádio Costazul FM. Ano eleitoral, capitais, estâncias hidrominerais e áreas de segurança nacional tinham suas primeiras eleições depois da ditadura militar. A rádio pertencia a três ex-funcionários da Embratel, Fernando Shardong, José Ornellas e um português que ninguém sabia o nome e jamais aparecia. Contados os votos, Angra voltou à calma habitual e senti falta da agitação do Rio de Janeiro, que sou rato de cidade grande.

Quando um amigo soube que eu morava em uma hospedaria na Lapa, apresentou-me o Pedro, que cedeu-me um quarto em sua casa onde, nos meses em que fiquei, fiz esse amigo, agora de tantos anos. Naqueles tempos ainda se usava esse costume: um amigo o apresentava a outro e o sujeito era recebido na casa de alguém que nunca o tinha visto antes. Uma semana depois de instalado é que o Pedro veio perguntar de onde eu vinha e para onde ia. Contei que tinha deixado a rádio Costazul, em Angra, para montar negócio próprio no Rio e ele disse, surpreso:

- Veja só que interessante! Esta tarde acabei de passar minhas cotas da Costazul para o Fernando e o Ornellas!

Era o sócio que nunca aparecia.

Agora o Pedro vive em Portugal, deixou a casa e o filho na faculdade. Deixou muita saudade também.

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